Ato contra perdas de royalties vira ‘recall’
para classe política: predominaram as vaias
Nerter Samora
Foto capa: Nerter Samora
A menos de um ano das eleições municipais, o ato público em defesa do atual critério de distribuição dos royalties de petróleo, realizado nessa quinta-feira (10), se transformou em uma espécie de “recall” para a classe política. As vaias do público acenderam o sinal amarelo contra os principais atores da disputa na Grande Vitória. Entre os principais “cornetados” aparecem os prefeitos de Vitória, João Coser (PT), e de Vila Velha, Neucimar Fraga (PR) – este candidato à reeleição em 2012.Durante o evento foi possível acompanhar a reação do público – que teria chegado a 25 mil pessoas, segundo informações do governo do Estado – não só em relação a prefeitos, mas também parlamentares que não devem disputar o próximo pleito. Ficou claro que a tendência foi mais forte para vaias do que aplausos, com raras exceções.
Em análise mais ampla, a manifestação popular não foi muito diferente das primeiras pesquisas eleitorais divulgadas na mídia local. Na ocasião, a maior parte dos atuais prefeitos da Grande Vitória não foi bem acolhida pela platéia heterogênea. Fato que acende a luz de alerta para pretensões futuras.
Os principais alvos foram Coser e Neucimar, que aparecem com princípios de desgaste de imagem perante a opinião pública. Também chamaram atenção as vaias contra a deputada federal Sueli Vidigal (PDT), mulher do prefeito da Serra, Sérgio Vidigal (PDT) – também candidato à reeleição e que não discursou. Nem mesmo o deputado federal Audifax Barcellos (PSB), campeão de votos nas eleições do ano passado, escapou de algumas vaias de parte do público.
A bancada federal capixaba também não foi poupada pela platéia do ato contra a mudança nos royalties. O peemedebista Camilo Cola foi um dos mais vaiados pelo público, que relembrou o episódio do flagrante de trabalho escravo em uma das fazendas do parlamentar. A deputada federal e cantora gospel Lauriete (PSC) também não escapou das críticas. Já a exceção foi a vice-presidente da Câmara Federal, Rose de Freitas (PMDB), que foi bastante aplaudida, sobretudo pelo público interiorano.
Os senadores capixabas receberam uma manifestação distinta de parte do público. Enquanto Ricardo Ferraço (PMDB) acabou sendo aplaudido, a colega de Senado Ana Rita Esgário (PT) recebeu vaias discretas de uma parte do público, que cobrava a “promessa” da presidente Dilma Rousseff da manutenção dos royalties.
Já o senador Magno Malta (PR) recebeu o maior número de vaias e quase chegou a ser atingido por uma garrafa de plástico – num incidente isolado durante o evento. No entanto, a propagada habilidade de orador permitiu que revertesse as vaias com a tática de “chamar” as torcidas dos grandes times de futebol do Rio de Janeiro.
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