Sem controle
Nas articulações nos municípios,
o fracasso da geopolítica de PH
Nerter Samora e Renata Oliveira
A ideia de trocar o apoio nos outros municípios pelo recuo do PT em Vitória está cada vez mais distante da realidade, e o ex-governador Paulo Hartung muda de tática para pressionar o mercado. Este é o assunto abordado neste Papo de Repórter.
Nerter: – Tudo indica que a famosa geopolítica do ex-governador Paulo Hartung não vai vingar na eleição de 2012 no Estado: as movimentações dele de apoiar o PT em outros municípios em troca da desistência do partido na Capital. Mas isso não está dando certo e todo mundo continua conversando, deixando de lado a pressão dele para que haja conversão ao seu projeto. Mesmo seus maiores aliados estão tocando a vida sem ele.
Renata: – O exemplo mais patente vem de Cariacica, onde Hartung andou se movimentando muito no sentido de levar o PMDB para os braços do PT, mas o deputado Marcelo Santos, que é um forte aliado de Hartung e um interessado na eleição do próximo ano, já vinha até conversando com o PT, mas, diante da falta de flexibilidade do partido em favor de Lucia Dornellas, foi para o outro lado e conversa agora com o adversário do grupo do prefeito, o vice-prefeito Juninho (PPS).
Nerter: – Hartung passou por cima do diretório municipal, e garantiu o apoio ao prefeito Helder, mas não contava que seu aliado Marcelo Santos fosse reagir. Ele controla o PMDB de Cariacica e dessa vez decidiu não abaixar a cabeça para as determinações do ex-governador. Com uma forte densidade eleitoral e a falta de entendimento com o PT, não tinha como a lealdade de Marcelo suplantar seus projetos políticos. Aí já seria demais, não é?
Renata: – Com certeza. No município da Serra, também houve um princípio de conversa com a possibilidade de o PT receber o apoio do ex-governador, mas o próprio partido entendeu que no caso de uma disputa acirrada, como será a do município entre o prefeito Sérgio Vidigal (PDT) e o ex-prefeito Audifax Barcelos (PSB), o melhor mesmo seria a construção de uma terceira via. O partido começou a fazer seus seminários que sempre indicam o início da construção de uma candidatura.
Nerter: – Sim, mas o grupo, que tem o secretário de Esportes, Vandinho Leite (PR), participando, não deve encabeçar a chapa. Na Serra, o republicano é o que tem mais densidade entre os três nomes do grupo – Vandinho, Roberto Carlos (PT) e Saint’Clair Nascimento (PSD) – e por isso deve atuar como força auxiliar, a não ser que Vandinho desista da disputa. Aí vão ter que escolher outro nome.
Renata: – Em Vila Velha, a reação do PT veio pelos jornais. O ex-governador teria metido a colher lá também, mas dessa vez em favor de Rodney Miranda. Como não tem apego partidário, tentou colocar no mesmo balaio PMDB, DEM e PT. A heresia política forçou o presidente municipal do PT a reafirmar a candidatura própria. Por lá o partido tenta viabilizar Guilherme Lacerda, e ele quer disputar, mas um cargo no governo federal pode tirá-lo da disputa, deixando o PT com as opções de Babá e Claudio Vereza.
Nerter: – Nenhum dos dois teria uma densidade eleitoral suficiente para dividir os votos na dura disputa que deverá ser travada entre Neucimar Fraba (PR) e Max Filho (PTB). Mesmo assim, o PT preferiu ficar só do que caminhar junto com o DEM de Rodney. Agora resta saber como o peemedebista Hercules Silveira, que não vai disputar a eleição, mas que tem um peso eleitoral capaz de fortalecer qualquer palanque, vai se portar. Ele terá que escolher entre o PT e DEM.
Renata: – Hartung também terá que escolher se vai apostar no projeto de troca de apoios com o PT - projeto que está naufragando na Grande Vitória – ou se ficará ao lado de seu aliado político, o deputado Rodney Miranda. Neste caso, ele deve ficar do lado de quem terá mais condições de dividir os votos a ponto de levar a disputa para o segundo turno.
Nerter: – Nesse sentido, fica difícil para o ex-governador Paulo Hartung conseguir fazer aquela troca que falamos no início. As conjunturas locais para 2012 não se adequam à geopolítica, como se adequavam antes. Os interesses são diferentes.
Renata: – Aí chegamos a Vitória, onde a situação interessa diretamente a Hartung. A estratégia dele de atacar o prefeito João Coser para desestimular uma candidatura própria do PT também não deu certo. Aliás, serviu para acirrar os ânimos entre PT e PSDB, que agora terão um caminho inegável de debate oposicionista na Capital. Hartung agora é quem fica de fora desse embate. O que ele vai fazer? Criticar o PT, que o apoiou durante todo esse tempo, na eleição? Ir para cima de Coser, no palanque? Ele não pode fazer isso porque Coser é seu principal aliado dentro do PT. Também não tem como criticar o PSDB. Afinal, quando foi prefeito estava filiado ao ninho tucano. Enfim, sua única saída seria tirar os dois.
Nerter: – Não vai conseguir, mas a nova estratégia dele é dizer, sempre por meio de seus emissários, que será candidato contra qualquer um. Uma tentativa de colocar um ponto de interrogação nos demais partidos, mas só conseguiu fazer isso em relação a Luciano Rezende (PPS). Isso porque, se
ele for candidato de qualquer jeito, significa que seu regra-três está fora, até porque Luciano só será candidato se Hartung não for. Mesmo com tanto potencial para a disputa, não vai para a eleição em favor de Hartung.
Renata: – Mas é claro, pelo menos para o mercado político, que Hartung não vai para a disputa contra qualquer um. Se ele tiver que enfrentar uma Iriny Lopes, ele não irá, porque não terá condições de vencê-la em um debate. Com um governo feito de imagens, não seria nada difícil desmontar o discurso de Hartung. Por isso ele, precisa tanto do palanque de consenso, para que não seja contrariado na eleição.
Nerter: – Será que estamos assistindo ao fim do projeto de hegemonia política de Hartung? Veja, ele não consegue mais o controle total da classe política do Estado. Estamos vendo o governador Renato Casagrande (PSB) se unir ao senador Ricardo Ferraço (PMDB), ainda que timidamente. O desempenho de Casagrande em relação às perdas fiscais está unindo parte da classe política em torno do palácio Anchieta, enquanto Hartung faz palestras País afora. A configuração política do Estado está mudando a passos largos.
Renata: – Por isso, Hartung precisa tanto vencer a eleição em Vitória, precisa de um mandato e uma vitrine política para voltar ao jogo. Na planície, ainda que detenha algum poder, resquício do controle total que exerceu em seu governo, ele está, aos poucos, perdendo espaço político para Casagrande. Mas, uma vez fora do jogo, fica difícil voltar, não é mesmo?
Nerter: – Tudo indica que a famosa geopolítica do ex-governador Paulo Hartung não vai vingar na eleição de 2012 no Estado: as movimentações dele de apoiar o PT em outros municípios em troca da desistência do partido na Capital. Mas isso não está dando certo e todo mundo continua conversando, deixando de lado a pressão dele para que haja conversão ao seu projeto. Mesmo seus maiores aliados estão tocando a vida sem ele.
Renata: – O exemplo mais patente vem de Cariacica, onde Hartung andou se movimentando muito no sentido de levar o PMDB para os braços do PT, mas o deputado Marcelo Santos, que é um forte aliado de Hartung e um interessado na eleição do próximo ano, já vinha até conversando com o PT, mas, diante da falta de flexibilidade do partido em favor de Lucia Dornellas, foi para o outro lado e conversa agora com o adversário do grupo do prefeito, o vice-prefeito Juninho (PPS).
Nerter: – Hartung passou por cima do diretório municipal, e garantiu o apoio ao prefeito Helder, mas não contava que seu aliado Marcelo Santos fosse reagir. Ele controla o PMDB de Cariacica e dessa vez decidiu não abaixar a cabeça para as determinações do ex-governador. Com uma forte densidade eleitoral e a falta de entendimento com o PT, não tinha como a lealdade de Marcelo suplantar seus projetos políticos. Aí já seria demais, não é?
Renata: – Com certeza. No município da Serra, também houve um princípio de conversa com a possibilidade de o PT receber o apoio do ex-governador, mas o próprio partido entendeu que no caso de uma disputa acirrada, como será a do município entre o prefeito Sérgio Vidigal (PDT) e o ex-prefeito Audifax Barcelos (PSB), o melhor mesmo seria a construção de uma terceira via. O partido começou a fazer seus seminários que sempre indicam o início da construção de uma candidatura.
Nerter: – Sim, mas o grupo, que tem o secretário de Esportes, Vandinho Leite (PR), participando, não deve encabeçar a chapa. Na Serra, o republicano é o que tem mais densidade entre os três nomes do grupo – Vandinho, Roberto Carlos (PT) e Saint’Clair Nascimento (PSD) – e por isso deve atuar como força auxiliar, a não ser que Vandinho desista da disputa. Aí vão ter que escolher outro nome.
Renata: – Em Vila Velha, a reação do PT veio pelos jornais. O ex-governador teria metido a colher lá também, mas dessa vez em favor de Rodney Miranda. Como não tem apego partidário, tentou colocar no mesmo balaio PMDB, DEM e PT. A heresia política forçou o presidente municipal do PT a reafirmar a candidatura própria. Por lá o partido tenta viabilizar Guilherme Lacerda, e ele quer disputar, mas um cargo no governo federal pode tirá-lo da disputa, deixando o PT com as opções de Babá e Claudio Vereza.
Nerter: – Nenhum dos dois teria uma densidade eleitoral suficiente para dividir os votos na dura disputa que deverá ser travada entre Neucimar Fraba (PR) e Max Filho (PTB). Mesmo assim, o PT preferiu ficar só do que caminhar junto com o DEM de Rodney. Agora resta saber como o peemedebista Hercules Silveira, que não vai disputar a eleição, mas que tem um peso eleitoral capaz de fortalecer qualquer palanque, vai se portar. Ele terá que escolher entre o PT e DEM.
Renata: – Hartung também terá que escolher se vai apostar no projeto de troca de apoios com o PT - projeto que está naufragando na Grande Vitória – ou se ficará ao lado de seu aliado político, o deputado Rodney Miranda. Neste caso, ele deve ficar do lado de quem terá mais condições de dividir os votos a ponto de levar a disputa para o segundo turno.
Nerter: – Nesse sentido, fica difícil para o ex-governador Paulo Hartung conseguir fazer aquela troca que falamos no início. As conjunturas locais para 2012 não se adequam à geopolítica, como se adequavam antes. Os interesses são diferentes.
Renata: – Aí chegamos a Vitória, onde a situação interessa diretamente a Hartung. A estratégia dele de atacar o prefeito João Coser para desestimular uma candidatura própria do PT também não deu certo. Aliás, serviu para acirrar os ânimos entre PT e PSDB, que agora terão um caminho inegável de debate oposicionista na Capital. Hartung agora é quem fica de fora desse embate. O que ele vai fazer? Criticar o PT, que o apoiou durante todo esse tempo, na eleição? Ir para cima de Coser, no palanque? Ele não pode fazer isso porque Coser é seu principal aliado dentro do PT. Também não tem como criticar o PSDB. Afinal, quando foi prefeito estava filiado ao ninho tucano. Enfim, sua única saída seria tirar os dois.
Nerter: – Não vai conseguir, mas a nova estratégia dele é dizer, sempre por meio de seus emissários, que será candidato contra qualquer um. Uma tentativa de colocar um ponto de interrogação nos demais partidos, mas só conseguiu fazer isso em relação a Luciano Rezende (PPS). Isso porque, se
ele for candidato de qualquer jeito, significa que seu regra-três está fora, até porque Luciano só será candidato se Hartung não for. Mesmo com tanto potencial para a disputa, não vai para a eleição em favor de Hartung.
Renata: – Mas é claro, pelo menos para o mercado político, que Hartung não vai para a disputa contra qualquer um. Se ele tiver que enfrentar uma Iriny Lopes, ele não irá, porque não terá condições de vencê-la em um debate. Com um governo feito de imagens, não seria nada difícil desmontar o discurso de Hartung. Por isso ele, precisa tanto do palanque de consenso, para que não seja contrariado na eleição.
Nerter: – Será que estamos assistindo ao fim do projeto de hegemonia política de Hartung? Veja, ele não consegue mais o controle total da classe política do Estado. Estamos vendo o governador Renato Casagrande (PSB) se unir ao senador Ricardo Ferraço (PMDB), ainda que timidamente. O desempenho de Casagrande em relação às perdas fiscais está unindo parte da classe política em torno do palácio Anchieta, enquanto Hartung faz palestras País afora. A configuração política do Estado está mudando a passos largos.
Renata: – Por isso, Hartung precisa tanto vencer a eleição em Vitória, precisa de um mandato e uma vitrine política para voltar ao jogo. Na planície, ainda que detenha algum poder, resquício do controle total que exerceu em seu governo, ele está, aos poucos, perdendo espaço político para Casagrande. Mas, uma vez fora do jogo, fica difícil voltar, não é mesmo?
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