Crise nacional entre PT e PMDB pode
influenciar na disputa em Vitória

Renata Oliveira
Foto capa: Arquivo SD

Nacionalmente, começa a ganhar vulto a crise entre PT e PMDB, agravada por conta de denúncias de transações com papeis da dívida pública na gestão da Caixa Econômica Federal. A denúncia atinge em cheio o PMDB do Rio de Janeiro, já que o departamento da Caixa em foco é do PMDB fluminense desde o governo Lula.

Para os meios políticos, a situação pode ter reflexos na eleição deste ano, já que os partidos são aliados em disputas em vários municípios, inclusive nas capitais fluminense e capixaba. No Rio de Janeiro, o partido abriu mão da candidatura própria para apoiar a reeleição do peemedebista Eduardo Paes.

No caso do Espírito Santo, a crise nacional pode justificar uma movimentação de afastamento das duas siglas. O PT de Vitória, ao contrário do partido no Rio de Janeiro, manteve a candidatura própria à sucessão do prefeito petista João Coser, com a ministra da Mulher, Iriny Lopes.

Já o PMDB tenta viabilizar a candidatura do ex-governador Paulo Hartung. Ele mesmo não confirma a participação no pleito e só deve se posicionar no final deste semestre, mas, se Hartung não participar do pleito – já que trabalha uma candidatura de consenso para a eleição –, o PMDB deve colocar um nome na disputa de qualquer forma. Se Hartung não disputar, o nome mais cotado é o do presidente estadual do partido, deputado federal Lelo Coimbra.

A cúpula do PMDB pretende tratar da crise na direção da Caixa com a presidente Dilma Rousseff. O PMDB argumenta que “entregou” todos os votos que prometeu ao governo no Congresso e tem sido um fator de estabilidade política. Mas tudo isso pode se perder se o partido achar que está sendo “apunhalado” pelas costas pelo PT.

O PMDB já vem dando sinais da intenção de se afastar do PT. Embora o prefeito João Coser tenha sido um aliado fiel do ex-governador Paulo Hartung, após escândalos recentes na prefeitura de Vitória, envolvendo desapropriações, membros do PMDB sinalizaram a ideia de não caminhar com o partido.

Chamou a atenção do mercado político o fato de o escândalo ter “vazado” para a imprensa depois de Coser declarar apoio a Iriny Lopes. Até então o prefeito vinha defendendo o recuo da candidatura petista em favor da candidatura de consenso de Hartung. Mas, se nacionalmente o PT e o PMDB se afastarem, os partidos terão no Estado a justificativa necessária para romperem a aliança de vez.